José sendo nomeado governador pelo Faraó

A História de José: De Filho Predileto a Governador do Egito

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A história de José, o filho de Jacó e Raquel, é uma das mais inspiradoras e profundas da Bíblia, repleta de desafios, sonhos e transformações. José não apenas passou por momentos difíceis, mas também teve sua vida marcada pela fé, fidelidade e por uma trajetória que culminou em um papel central na preservação de sua família e de muitas nações. Por meio das reviravoltas de sua vida, ele experimentou o cuidado de Deus em cada fase.

Com suas muitas nuances e lições, a vida de José traz ensinamentos sobre perdão, perseverança, confiança em Deus e o cumprimento de Seus propósitos. Neste artigo, exploraremos a história completa de José, desde sua juventude até seu papel como governador do Egito, com destaque para os desafios e as conquistas que moldaram sua fé e caráter.


Quem Foi José do Egito?

José foi o décimo primeiro filho de Jacó e o primeiro filho de Raquel, a esposa que Jacó mais amava (Gênesis 30:22-23). O nome José deriva do hebraico Yosef, que significa “Deus acrescente”. Esse nome simbolizava o desejo de Raquel de ter mais filhos. José ficou conhecido como “José do Egito” devido à sua notável ascensão ao poder e o modo como Deus o exaltou entre os egípcios.

José nasceu em Padã-Harã, onde Jacó serviu a Labão, e foi trazido para Canaã ainda jovem. Estima-se que ele viveu durante a era dos faraós hicsos, por volta de 1720 a 1570 a.C., um período em que o Egito estava sob o domínio estrangeiro. Essa época da história proporcionou um contexto importante para que José pudesse ser elevado ao cargo de governador, pois os hicsos tinham uma abertura maior para estrangeiros em posições de poder.

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ilustração de José recebendo a túnica colorida de seu pai Jacó

José: O Filho Predileto de Jacó

José não era apenas mais um entre os muitos filhos de Jacó; ele era o filho preferido, o que gerou inveja e descontentamento entre seus irmãos. Jacó deu a ele uma túnica especial, um símbolo visível de sua predileção (Gênesis 37:3). Essa túnica, que provavelmente tinha várias cores ou mangas longas, destacou José de seus irmãos e alimentou o ciúme deles.

O favoritismo de Jacó também se evidenciou no cuidado especial que ele tinha com José. Em um episódio marcante, quando Jacó reencontrou seu irmão Esaú, ele colocou José e Raquel na posição mais protegida da comitiva, deixando claro o valor que ele dava ao filho da sua velhice.


Os Sonhos de José e o Início dos Conflitos

Deus começou a revelar o futuro de José por meio de sonhos. Ele sonhou que seus irmãos se curvavam diante dele, e em outro sonho, o sol, a lua e onze estrelas se prostravam perante ele (Gênesis 37:6-9). Esses sonhos simbolizavam sua futura autoridade, mas em vez de serem recebidos com alegria, geraram mais ódio em seus irmãos.

  • Primeiro Sonho: José viu feixes de trigo no campo, e os feixes de seus irmãos se inclinavam perante o seu feixe.
  • Segundo Sonho: Ele viu o sol, a lua e onze estrelas, representando sua família, inclinando-se diante dele.

Os sonhos se tornariam realidade anos depois, quando José se tornou governador do Egito e seus irmãos se curvaram a ele em busca de ajuda.


Vendido Pelos Irmãos

A inveja dos irmãos de José atingiu um ponto crítico quando eles decidiram se livrar dele. Quando José foi enviado pelo pai para ver como estavam, os irmãos aproveitaram a oportunidade e o jogaram em uma cisterna vazia. Enquanto ponderavam sobre como se livrar dele, uma caravana de ismaelitas-midianitas passou, e então decidiram vendê-lo como escravo (Gênesis 37:28).

Eles venderam José por vinte moedas de prata e, para enganar o pai, embebedaram sua túnica em sangue, fingindo que ele havia sido morto por uma fera. José, então, foi levado para o Egito e vendido a Potifar, oficial do faraó e capitão da guarda.


José na Casa de Potifar

Na casa de Potifar, José começou a prosperar devido à sua dedicação e ao favor de Deus sobre ele. Potifar percebeu que tudo o que José fazia prosperava e o colocou como administrador de toda a sua casa (Gênesis 39:4). Contudo, a esposa de Potifar tentou seduzir José, que recusou devido ao temor a Deus e à lealdade ao seu senhor.

Ao ser rejeitada, a esposa de Potifar acusou José falsamente de tentativa de assédio. Potifar acreditou em sua esposa e, como resultado, mandou José para a prisão. Mesmo na prisão, Deus estava com José e lhe concedeu favor, permitindo que ele ocupasse uma posição de liderança entre os presos.

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ilustração de José fugindo da esposa de Potifar

Os Sonhos na Prisão e o Favor de Deus

Enquanto José estava preso injustamente, ele continuou a demonstrar um espírito de fidelidade e resiliência, permanecendo fiel a Deus em meio às adversidades. Em Gênesis 39:21, lemos que “o Senhor estava com José e lhe mostrou bondade, concedendo-lhe favor aos olhos do carcereiro-chefe.” Apesar de estar em uma prisão destinada a criminosos políticos, José ganhou a confiança do carcereiro e foi encarregado de supervisionar os demais prisioneiros.

Durante seu tempo na prisão, José conheceu dois oficiais do Faraó: o copeiro e o padeiro, que foram encarcerados devido a incidentes na corte do Egito. Ambos tiveram sonhos que os deixaram profundamente perturbados, e José, percebendo seu desespero, ofereceu-se para interpretar os sonhos com a ajuda de Deus. Ele acreditava que o poder da interpretação vinha do Senhor, e por isso pediu que contassem os sonhos (Gênesis 40:8).

O sonho do copeiro indicava que ele seria restaurado à sua posição anterior no palácio, enquanto o sonho do padeiro revelava um destino trágico: ele seria executado. Três dias depois, as interpretações de José se confirmaram, exatamente como ele havia dito. Antes de o copeiro ser solto, José pediu que ele se lembrasse dele quando voltasse à sua posição junto a Faraó e mencionasse sua situação de injustiça. No entanto, o copeiro, ao ser restaurado, esqueceu-se de José por dois longos anos. Mesmo assim, José continuou a confiar em Deus, aguardando pacientemente o momento certo.


José Interpreta os Sonhos de Faraó

Dois anos depois, Faraó teve uma série de sonhos perturbadores que nenhum de seus magos e conselheiros conseguiu interpretar. Foi então que o copeiro se lembrou de José e mencionou ao Faraó sua capacidade de interpretação, adquirida enquanto estava preso. José foi então chamado à presença do Faraó, e, em um momento crucial, ele não hesitou em dar crédito a Deus, afirmando: “Isso não está em mim; Deus dará a resposta favorável a Faraó” (Gênesis 41:16).

imagem-de-Jose-interpretando-o-sonho-de-Farao-no-palacio-egipcio-destacando-os-elementos-simbolicos-das-vacas-magras-e-gordas-1024x585 A História de José: De Filho Predileto a Governador do Egito
imagem de José interpretando o sonho de Faraó no palácio egípcio, destacando os elementos simbólicos das vacas magras e gordas

Os sonhos de Faraó consistiam em sete vacas gordas que eram devoradas por sete vacas magras e em sete espigas cheias que eram engolidas por sete espigas ressequidas. José explicou que ambos os sonhos representavam uma mesma mensagem divina: o Egito experimentaria sete anos de abundância seguidos por sete anos de fome devastadora. A interpretação de José foi acompanhada por um plano sábio e estratégico para estocar alimentos durante os anos de fartura, de modo a garantir sustento durante os anos de escassez.

A resposta e o plano de José impressionaram tanto o Faraó que ele imediatamente o nomeou administrador do Egito, colocando-o como segunda pessoa mais poderosa do império. Essa promoção instantânea foi um ato de Deus, que honrou a fidelidade de José ao longo dos anos. José, assim, saiu da prisão para uma posição de influência extraordinária, preparado para salvar não apenas o Egito, mas também sua própria família da fome iminente.


José, o Governador do Egito

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José do Egito

Com autoridade como governador, José foi incumbido de coordenar toda a preparação para os anos de fome que se aproximavam. Ele estabeleceu armazéns em todas as cidades e começou a estocar grãos em grande quantidade, a ponto de não haver mais como medir a quantidade acumulada (Gênesis 41:49). O plano de José não só evitou que o Egito sucumbisse à fome, mas também permitiu que ele fornecesse alimentos a outras nações que também enfrentavam a escassez, ampliando a influência do Egito e fortalecendo sua economia.

Durante esse tempo, José casou-se com Asenate, filha de um sacerdote egípcio, e teve dois filhos: Manassés e Efraim. Esses filhos representavam para ele uma nova fase, uma em que ele podia deixar para trás as amarguras do passado. Manassés significa “fazer esquecer,” pois Deus o havia ajudado a esquecer todo o sofrimento na casa de seu pai. Efraim significa “duplamente frutífero,” indicando a bênção de Deus sobre sua vida no Egito (Gênesis 41:51-52).


O Reencontro com a Família e o Perdão

Quando a fome atingiu Canaã, os irmãos de José foram ao Egito comprar trigo. Sem reconhecê-lo, prostraram-se diante dele, cumprindo a profecia de seus sonhos. Em uma reviravolta emocionante, José reencontrou sua família e, após uma série de testes para avaliar o arrependimento e a união entre seus irmãos, ele revelou sua identidade. Em um gesto de perdão, José disse: “Não temais; porventura, estou eu em lugar de Deus? Vós, na verdade, intentastes o mal contra mim; porém Deus o tornou em bem” (Gênesis 50:19-20).

ilustracao-do-reencontro-de-Jose-com-seus-irmaos-no-Egito-simbolizando-o-perdao-e-a-reuniao-familiar-1024x585 A História de José: De Filho Predileto a Governador do Egito
ilustração do reencontro de José com seus irmãos no Egito, simbolizando o perdão e a reunião familiar

José também trouxe seu pai, Jacó, e toda a sua família para o Egito, onde os acomodou e sustentou durante o período de fome. Esse ato garantiu a preservação da família que mais tarde se tornaria a nação de Israel.

José, como governador, tornou-se um exemplo de liderança servidora e submissão à vontade de Deus, mostrando a importância de manter-se fiel e confiar na soberania divina, mesmo em meio a tribulações.


A Morte de José e Suas Últimas Palavras

José vivJosé viveu até a idade avançada de 110 anos, e a Bíblia registra que ele alcançou a terceira geração dos filhos de Efraim e viu os filhos de Maquir, filho de Manassés, crescerem (Gênesis 50:23). Mesmo após uma vida cheia de altos e baixos, José manteve sua fé e confiança em Deus. Antes de morrer, ele convocou seus irmãos e declarou sua convicção de que Deus certamente cumpriria a promessa feita a Abraão, Isaque e Jacó, conduzindo o povo de Israel de volta à terra prometida (Gênesis 50:24). José acreditava firmemente que Deus não se esqueceria de Seu povo, pois ele entendia seu papel no plano divino e via sua vida como um instrumento de preservação para Israel.

José também fez um pedido significativo: ele pediu que seus ossos fossem levados do Egito quando os israelitas finalmente saíssem daquele lugar. Esse pedido não era apenas um desejo pessoal, mas uma expressão de fé nas promessas de Deus. Muitos anos mais tarde, Moisés cumpriu essa última vontade, carregando os ossos de José durante o êxodo, e, finalmente, Josué os sepultou em Siquém (Êxodo 13:19; Josué 24:32).

A fidelidade de José a Deus até o último momento demonstra sua confiança inabalável na promessa divina e serve como um exemplo para as futuras gerações, mostrando que, mesmo na morte, a esperança e a fé na fidelidade de Deus permanecem vivas.


Perguntas Frequentes (FAQ)

  1. Quem foi José do Egito na Bíblia?
    José foi o décimo primeiro filho de Jacó e o primeiro de Raquel. Ele é conhecido por sua história de superação e fé, passando de escravo a governador do Egito. José é um exemplo de confiança em Deus e de perdão.
  2. Por que José era o filho preferido de Jacó?
    José era o filho da velhice de Jacó e o primeiro filho de Raquel, sua esposa amada. Jacó demonstrava seu carinho especial dando a José uma túnica colorida, símbolo de distinção entre seus irmãos.
  3. Qual foi o significado dos sonhos de José?
    Os sonhos de José eram premonitórios, indicando que seus irmãos e sua família se curvariam diante dele. Esses sonhos se realizaram quando José, como governador do Egito, foi quem proveu mantimento para sua família em tempos de fome.
  4. Como José se tornou governador do Egito?
    José interpretou corretamente os sonhos de Faraó, que previam sete anos de fartura seguidos por sete anos de fome. Impressionado com a sabedoria de José, Faraó o nomeou como seu braço direito para gerenciar a preparação para a crise.
  5. O que a história de José nos ensina?
    A vida de José ensina sobre fé, perdão e a soberania de Deus. Ele passou por dificuldades, mas confiou em Deus em todas as circunstâncias, entendendo que o sofrimento fazia parte do plano divino para salvar sua família e muitos outros.
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João Marcos Ferreira é diácono, professor da Escola Bíblica Dominical e cristão há 18 anos, dedicado ao ensino da Palavra de Deus e ao crescimento espiritual de seus alunos. Casado e pai de dois filhos, ele combina sua paixão pelo discipulado com uma vida familiar ativa e amorosa. Com uma escrita acolhedora e prática, João busca inspirar cristãos a viverem para a glória de Deus e formar novos líderes para servir à igreja e à comunidade.