Lição 07: As Naturezas Humana e Divina de Jesus
Compartilhar:
EBD CPAD 1° Trimestre De 2025 (CPAD – Casa Publicadora das Assembleias de Deus)
Revista: Em Defesa da Fé Cristã – Combatendo as Antigas Heresias que se Apresentam com Nova Aparência
TEMA: As Naturezas Humana e Divina de Jesus
TEXTO ÁUREO
“Dos quais são os pais, e dos quais é Cristo, segundo a carne, o qual é sobre todos, Deus bendito eternamente. Amém!” (Rm 9.5)
VERDADE PRÁTICA
Jesus é o eterno e verdadeiro Deus e, ao mesmo tempo, o verdadeiro homem.
LEITURA DIÁRIA
Segunda – Mt 1.23 As duas naturezas de Jesus reveladas na expressão “Emanuel”
Terça – Fp 2.5-8 O Senhor Jesus possui as naturezas humana e divina em sua Pessoa
Quarta – Jo 10.33 Sendo homem, Jesus afirma ser Deus, as duas naturezas em uma só Pessoa
Quinta – At 20.28 Jesus, o Deus – Homem que nos comprou com o seu sangue
Sexta – Cl 2.9 As duas naturezas de Cristo continuam para toda a eternidade
Sábado – 1 Tm 3.16 As naturezas humana e divina em Jesus
Hinos Sugeridos: 25, 154, 183 da Harpa Cristã
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Romanos 1.1-4; Filipenses 2.5-11
Romanos 1
1 – Paulo, servo de Jesus Cristo, chamado para apóstolo, separado para o evangelho de Deus,
2- o qual antes havia prometido pelos seus profetas nas Santas Escrituras,
3- acerca de seu Filho, que nasceu da descendência de Davi segundo a carne,
4- declarado Filho de Deus em poder, segundo o Espírito de santificação, pela ressurreição dos mortos, – Jesus Cristo, nosso Senhor,
Filipenses 2
5- De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus,
6-que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus.
7-Mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens;
8- e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte e morte de cruz.
9- Pelo que também Deus o exaltou soberanamente e lhe deu um nome que é sobre todo o nome,
10- para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra,
11- e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai.
PLANO DE AULA
1- INTRODUÇÃO
A lição desta semana tem como propósito reafirmar as naturezas divina e humana de Jesus e, ao mesmo tempo, mostrar as principais heresias contrárias ao ensino doutrinário da natureza cristológica: o Nestorianismo e o Monofisismo. Em seguida, a lição apresenta uma perspectiva atual em que essas heresias se apresentam com uma aparência moderna.
2- APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO
A) Objetivos da Lição:
I) Apresentar o ensino bíblico da dupla natureza de Cristo;
II) Mostrar as heresias contra esse ensino: Nestorianismo e Monofisismo;
III) Identificar o perigo dessas heresias hoje.
B) Motivação: Por mais que se multiplique ideias e pensamentos a respeito de Jesus, o lugar mais seguro, a fonte mais saudável para se conhecer o Senhor Jesus são as Sagradas Escrituras.
C) Sugestão de Método: Na presente lição há duas palavras que muitos de nossos alunos não conhecem, pois fazem parte de um vocabulário técnico em Teologia: Monofisismo; Kenoticismo. Por isso, providencie um Dicionário Teológico, sugerimos o editado pela CPAD, destaque essas palavras e leia juntamente com sua classe antes de tratá-las diretamente no tópico respectivo. Assim, a sua classe poderá se familiarizar com esses dois termos técnicos da Teologia para desenvolver o assunto da presente lição.
3- CONCLUSÃO DA LIÇÃO
A) Aplicação: Conhecer bem a pessoa de Jesus Cristo tal qual revelada nas Escrituras Sagradas nos permite um relacionamento mais profundo e exitoso, ao mesmo tempo que nos protege de criar uma imagem distorcida de nosso Senhor que nada tem a ver com revelação divina tal como se encontra na Bíblia.
4- SUBSÍDIO AO PROFESSOR
A) Revista Ensinador Cristão. Vale a pena conhecer essa revista que traz reportagens, artigos, entrevistas e subsídios de apoio à Lições Bíblicas Adultos. Na edição 100, p.39, você encontrará um subsídio especial para esta lição.
B) Auxílios Especiais: Ao final do tópico, você encontrará auxílios que darão suporte na preparação de sua aula: 1) O texto “A Encarnação: Deus pôde se tornar homem, sem deixar de ser Deus?”, ao final do primeiro tópico, aprofunda o ensino sobre a dupla natureza de Cristo; 2) O texto “Nestorianismo e o que a Bíblia diz”, logo após o segundo tópico, aprofunda a respeito da heresia nestoriana e a refutação bíblica a respeito dela.
INTRODUÇÃO
Uma vez estabelecida definitivamente a Cristologia em Nicéia (325) e a Trindade em Constantinopla (381), surgem novas especulações teológicas em torno das naturezas de Cristo: humana e divina. Essas controvérsias deram origem ao Concílio de Calcedônia (451), hoje um bairro de Istambul, na Turquia. A presente lição é sobre o Nestorianismo e Monofisismo, dois pensamentos considerados heréticos no Concílio de Calcedônia.
Palavra-Chave: Natureza
I – O ENSINO BÍBLICO DA DUPLA NATUREZA DE JESUS
1- “Descendência de Davi segundo a carne” (Rm 1.3). O apóstolo está se referindo aos ancestrais de Jesus. Ele veio de uma família humana de carne e ossos, que vivia entre o povo de Israel. A sua linhagem está registrada na introdução do Evangelho de Mateus e no capítulo 3 de Lucas. Jesus foi concebido no ventre de Maria, uma virgem de Israel, pelo Espírito Santo (Mt 1.20; Lc 1.35). Aí está o elo humano-divino, as duas naturezas do Senhor Jesus.
2- “Declarado Filho de Deus em poder” (v. 4). Essa expressão indica a divindade de Jesus e isso é reforçado logo em seguida pelas palavras “Jesus Cristo, nosso Senhor”. Mais adiante, Paulo, ao descrever os privilégios que Deus concedeu a Israel como a adoção de filhos, e a glória, e os concertos, e a lei, e o culto, e as promessas; o apóstolo conclui: “dos quais são os pais, e dos quais é Cristo, segundo a carne, o qual é sobre todos, Deus bendito eternamente. Amém!” (Rm 9.5). O Senhor Jesus é um judeu, descendente de Israel e, ao mesmo tempo, é o “Deus bendito eternamente”.
3- O antigo hino cristológico (Fp 2.5,6). O texto está dizendo que embora Jesus sendo Deus, não usou as prerrogativas da divindade durante seu ministério terreno e, mesmo que fizesse uso delas, não consideraria isso uma usurpação. O apóstolo está se referindo ao status de Cristo antes da encarnação (Jo 1.1,14). Mas enfatiza o aspecto humano (vv.7,8). Ο apóstolo está sendo muito claro no ensino das naturezas humana e divina em uma só Pessoa. Essa passagem é parte de um provável hino que os primeiros cristãos cantavam nos cultos e o apóstolo Paulo a inseriu nessa epístola aos Filipenses. O termo grego morphē, “forma”, usado pelo apóstolo Paulo, “sendo em forma de Deus” (v.6), indica essência imutável, portanto, Ele jamais deixou de ser Deus.
SINOPSE I
O Senhor Jesus é declarado “da descendência de Davi segundo a carne” e “Filho de Deus em poder”.
AUXÍLIO BIBLIOLÓGICO
“A ENCARNAÇÃO: DEUS PÔDE SE TORNAR HOMEM, SEM DEIXAR DE SER DEUS?
[…] A teologia histórica é baseada na Bíblia argumentou que Deus é onisciente (sabe todas as coisas), onipotente (todo-poderoso), sem pecado e não corpóreo (sem um corpo), e que estes atributos são essenciais e necessários para a divindade. Caracteristicamente, os seres hu- manos não exibem estes atributos. Assim sendo, como pode Jesus ser, simultaneamente, plenamente divino e plenamente humano? Seguindo estas linhas de raciocínio, alguns atacaram a doutrina da encarnação, tentando afirmar que ela é ilógica e contraditória. Esta suposta contradição lógica baseia-se em uma interpretação equivocada fundamental de como a natureza humana é definida, de acordo com Thomas V. Morris em seu livro The Logic of God Incarnate (A Lógica de Deus Encarnado). […] O entendimento histórico da Encarnação expressa as crenças de que Jesus Cristo é plenamente Deus, isto é, Ele possui todas as propriedades essenciais de Deus; Jesus Cristo é também plenamente humano – isto é, Ele possui todas as propriedades essenciais de um ser humano” (Bíblia de Estudo Apologia Cristã. Rio de Janeiro: CPAD, 2009, p.1892).
II- AS HERESIAS CONTRA O ENSINO BÍBLICO DA DUPLA NATUREZA DE JESUS
1- Quem foi Nestório? Ele foi bispo de Constantinopla entre 428-431. Nestório discordava do título dado à Maria, defendido por Cirilo de Alexandria (376-444), “mãe de Deus”, em grego theotokos, literalmente “portadora de Deus”. Ele sugeriu “receptora de Deus” ou christotokos, “mãe de Cristo”. Sim, Maria é mãe do Jesus humano (Mt 2.11, 13, 14, 20, 21), e não mãe de Deus, visto que Deus é eterno (Sl 90.2; 93.2; Is 40.28). A expressão adotada por Cirilo era uma contradição em si mesma. Embora a posição de Nestório fosse bíblica e teologicamente correta, a popularidade do termo “mãe de Deus” de Cirilo impediu o êxito do termo e da explicação de Nestório. A preocupação dele era menos com a Mariolatria e mais com as ideias do Arianismo.
2- Nestorianismo. Nestório defendia a formulação dos pais nicenos, a divindade de Cristo e a humanidade definida no Credo Niceno-constantinopolitano em 381. Segundo o pensamento nestoriano, as duas naturezas de Cristo, a humana e a divina, eram duas pessoas. Essa foi a acusação contra ele. A ilustração nestoriana era a comparação de marido e mulher serem uma “uma só carne” (Gn 2.4). Essa alegada afirmação nestoriana foi considerada heresia pelo Concílio de Éfeso em 431, ele foi condenado por esse concílio que o declarou herege e o imperador o exilou.
3- Monofisismo. O termo vem de duas palavras gregas monos, “único”, e physis, “natureza”. Seu principal expoente foi Êutico, também conhecido como Eutique. Essa doutrina afirma que as duas naturezas de Cristo são fundidas em uma só natureza amalgamada. O sentido de “amalgamar”, não o de unir, não se trata de união, mas mistura, fusão, assim, seria uma só natureza híbrida, nem totalmente Deus e nem totalmente homem. Essa doutrina foi condenada no Concílio da Calcedônia, em 451.
a) Ilustração. O bronze é uma liga de cobre e estanho, de modo que nem é cobre e nem estanho, mas outro metal; quanto a cor verde, é uma mistura das cores azul e amarela. Assim como bronze não é cobre e nem estanho; e, o verde não é azul e nem amarelo, da mesma forma, de acordo com Êutico, as naturezas de Cristo não são divinas nem humanas.
b) Resposta bíblica. Segundo a Bíblia, o Senhor Jesus é perfeito quanto à divindade e perfeito quanto à humanidade (Rm 9.5; Fp 2.5-11).
4- O Concílio de Calcedônia. Essa formulação teológica fala das duas naturezas de Cristo em uma só pessoa: “as propriedades de cada natureza permanecem intactas, concorrendo para formar uma só Pessoa e subsistência; não dividido ou separado em duas Pessoas, mas um só e mesmo Filho Unigênito, Deus Verbo, Jesus Cristo Senhor”. A encarnação do Verbo não é uma conversão ou transmutação de Deus em homem e nem de homem em Deus. A distinção é precisa entre natureza e pessoa, diz o documento. A união dessas duas naturezas é permanente como resultado da encarnação. O documento é uma interpretação precisa das Escrituras (Is 9.5; Jo 10.30-37).
SINOPSE II
O Nestorianismo e o Monofisismo são duas heresias contrárias ao ensino bíblico da dupla natureza de Jesus.
AUXÍLIO TEOLÓGICO
NESTORIANISMO E O QUE A BÍBLIA DIZ
“Nestorianismo”. É a doutrina que ensinava a existência de duas pessoas separadas no mesmo Cristo, uma humana e uma divina, em vez de duas naturezas em uma só Pessoa. Nestor ou Nestório, como aparece em outras versões – nasceu em Antioquia. Ali, tornou-se um pregador popular em sua cidade natal. Em 428, tornou-se bispo de Constantinopla. Embora ele mesmo nunca tenha ensinado essa posição herética que leva o seu nome, em razão de uma combinação de diversos conflitos pessoais e de uma boa dose de política eclesiástica, Nestor foi deposto do seu ofício de bispo, e seus ensinos, condenados. Não há nas Escrituras a indicação de que a natureza humana de Cristo seja outra pessoa. […] O que a Bíblia diz. O ensino bíblico a respeito da plena divindade e plena humanidade de Cristo é claro, mediante as muitas referências bíblicas. O entendimento exato de como a plena divindade e a plena humanidade se combinavam em uma só Pessoa tem sido ensinado desde o início pela igreja, mas só alcançou a forma final na Definição de Calcedônia, em 451. Antes desse período, diversas posições doutrinárias inadequadas quanto às naturezas de Cristo foram propostas e rejeitadas. Primeiro, pelos apóstolos. Depois, pelos chamados pais da igreja”. (GILBERTO, Antônio et al. Teologia Sistemática Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2008, p.126-27).
III– O PERIGO DESSAS HERESIAS NA ATUALIDADE
1- Os monofisitas. Quando a doutrina monofisista foi rejeitada juntamente com o nestorianismo, houve reação. Jacob Baradeus (500-578), um monge sírio, liderou o grupo monofisista e preservou a tradição siro-monofisista, conhecida como tradição jacobita. Ele e seus seguidores rejeitaram a decisão do Concílio de Calcedônia. Quem são eles hoje? São as igrejas ortodoxas, cóptica, armênia, abissínia e jacobitas. É importante conhecer a cristologia dessa tradição cristã e saber como responder seus questionamentos, e, sobretudo, conservar a fé no Jesus, o Deus que se fez homem o Emanuel, “Deus Conosco” (Mt 1.23); o Deus “que se manifestou em carne” (1 Tm 3.16).
2- O kenoticismo. Do verbo grego kenoō, significa “esvaziar” (Fp 2.7). A doutrina kenótica afirma que Jesus, enquanto esteve na Terra, esvaziou a si mesma dos atributos divinos. São duas linhas principais, o Verbo possuía os atributos divinos, mas escolheu não os usar; e, as prerrogativas da deidade foram usadas, mas na submissão do Pai e na direção do Espírito Santo. Entendemos que, sem atributos divinos, Jesus é menos que Deus. O kenosis é o “esvaziamento” de Cristo. Isso foi uma condição para o seu messiado e por isso Ele abriu mão de sua glória celeste (Jo 17.5). Jesus revelou sua natureza divina quando esteve na Terra, Ele agiu como Deus, pois perdoou pecados (Mc 2.5-7; Lc 7.48), recebeu adoração (Mt 8.2; 9.18; 15.25; Jo 9.38), repreendeu a fúria do mar (Mt 8.26, 27; Mc 4.39). Somente Deus tem esse poder (Sl 65.7; 89.9).
3- Mariolatria. O catolicismo romano adotou o termo “mãe de Deus” de Cirilo, ou seja, um pensamento anti bíblico que se desenvolveu numa teologia e permanece até hoje por conta da sua popularidade. Com isso aprendemos que o que parece certo e a escolha popular nem sempre representam a verdade (At 8.9-11).
SINOPSE III
As heresias a respeito da dupla natureza de Jesus trazem implicações para a conservação de nossa fé em Cristo e sua perfeita revelação.
CONCLUSÃO
O Concílio de Calcedônia em 451 reafirma os dois concílios anteriores, o de Nicéia, em 325, e o de Constantinopla, em 381, ratificando os credos produzidos por esses conclaves gerais e estabeleceu definitivamente as duas naturezas de Cristo. A melhor maneira de se proteger dessas, e de outras heresias, é conhecer bem no que acreditamos, os ensinos oficiais de nossa igreja e seus respectivos fundamentos bíblicos. Isso serve como nosso referencial quando nos deparamos com doutrinas inadequadas.
REVISANDO O CONTEÚDO
1- Cite três passagens bíblicas que mostram diretamente as duas naturezas de Cristo, em uma só Pessoa.
Romanos 1.3; 1.4; Fp 2.5,6.
2- Qual o pensamento nestoriano sobre as duas naturezas de Cristo?
Segundo o pensamento nestoriano, as duas naturezas de Cristo, a humana e a divina, eram duas pessoas.
3- O que ensina o monofisismo de Êutico?
Essa doutrina afirma que as duas naturezas de Cristo são fundidas em uma só natureza amalgamada, nem totalmente Deus nem totalmente homem.
4- Quais ramos do cristianismo não reconhecem o Credo de Calcedônia e mantêm ainda o monofismo de Êutico?
São as igrejas ortodoxas, cóptica, armênia, abissínia e jacobitas.
5- Mostre como Jesus agiu como Deus, estando na Terra.
Jesus revelou sua natureza divina quando esteve na Terra, Ele agiu como Deus, pois perdoou pecados (Mc 2.5-7; Lc 7.48), recebeu adoração (Mt 8.2; 9.18; 15.25; Jo 9.38), repreendeu a fúria do mar (Mt 8.26, 27; Mc 4.39).
VOCABULÁRIO
Conclave: reunião sacra para se discutir algo; congresso, seminário, encontro.
Publicar comentário