Lição 10: Os Movimentos Pentecostal e Neopentecostal – Renovação e Expansão no Século XX

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EBD BETEL (Revista Editora Betel )

Revista: MOVIMENTO PENTECOSTAL – A Chama do Espirito que Continua a incendiar o mundo.

TEMA: Os Movimentos Pentecostal e Neopentecostal – Renovação e Expansão no Século XX

TEXTO ÁUREO

Os Movimentos Pentecostal e Neopentecostal: Renovação e Expansão no Século XX “De sorte que as igrejas eram confirmadas na fé e cada dia cresciam em número”, Atos 16.5

VERDADE APLICADA

Devemos permanecer fiéis às Escrituras para não sermos influenciados por modismos teológicos nem arrastados por qualquer vento de doutrina.

OBJETIVOS DA LIÇÃO

  • Reconhecer os fundamentos do pentecostalismo brasileiro
  • Compreendera necessidade de evitar modismos na Igreja.
  • Identificar as características do neopentecostalismo.

TEXTOS DE REFERÊNCIA

1 CORÍNTIOS 2
1 E eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não fui com sublimidade de palavras ou de sabedoria.
2 Porque nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado.
3 E eu estive convosco em fraqueza, e em temor, e em grande tremor.
4 A minha palavra e a minha pregação não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração do Espírito e de poder,
5 Para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria dos homens, mas no poder de Deus.

LEITURAS COMPLEMENTARES

SEGUNDA | Mt 4.10 Adorar somente ao Senhor.
TERÇA | Jo 16.13 O Espírito Santo nos guia na verdade.
QUARTA | 1 Co 12.10 NO discernimento de espíritos.
QUINTA | Cl 2.4 Cuidado com as palavras persuasivas.
SEXTA | CI 2.8 Cuidado com as vãs filosofias e as sutilezas.
SÁBADO | Tg 1.27 A religião pura e verdadeira.
HINOS SUGERIDOS: 387, 396, 400

MOTIVO DE ORAÇÃO

Ore para que a Igreja pregue a Palavra de Deus com amor e verdade.

ESBOÇO DA LIÇÃO

Introdução
1- Os alicerces do Movimento Pentecostal
2- As marcas do pentecostalismo clássico
3- O neopentecostalismo brasileiro
Conclusão

INTRODUÇÃO

Num tempo de muitos modismos em relação às práticas pentecostais, é preciso ter em mente os alicerces do Movimento Pentecostal como vistos em Atos 2. Assim, nesta lição, veremos algumas características do pentecostalismo clássico em comparação ao neopentecostalismo brasileiro.

PONTO DE PARTIDA – Devemos conservar a pureza da doutrina.

1- Os alicerces do Movimento Pentecostal

Após a ascensão de Nosso Senhor Jesus, Seus discípulos oraram e aguardaram a descida do Espírito Santo (At 2), até que se cumpriu o que já havia sido profetizado nos tempos do AT e anunciado por Jesus Cristo. A Igreja, então, iniciou suas atividades movida pelo poder do Espírito Santo; assim, ao longo da história da Igreja, impulsionados pelo relato bíblico, milhões de discípulos de Cristo têm buscado a experiência e a prática pentecostal. Neste tópico, veremos três características da Igreja Primitiva que, após o ocorrido no dia de Pentecostes, devem estar no alicerce do autêntico pentecostalismo em nossos dias (At 2.42)

1.1. O Movimento Pentecostal nasceu alicerçado na doutrina dos apóstolos. Ao narrar o início da Igreja, o evangelista Lucas registrou que os primeiros crentes “perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão” (At 2.42). Entre os ensinamentos dos apóstolos, podemos ver a preocupação com os falsos mestres (Rm 16.17-18; 1Ts 5.20-21; 1Tm 6.3-5) e a ênfase na importância dos dons espirituais na edificação da Igreja (Rm 12.6-8; 1Co 12.7-11; 14.12; 1 Pe 4.10-11). O texto bíblico enfatiza a participação de cada crente na unidade, no crescimento e no cuidado mútuo do Corpo de Cristo. Portanto, o Movimento Pentecostal clássico se alicerça nesses fundamentos.

Pastor Lourival Dias Neto (2002, p. 6): “No Novo Testamento existem duas palavras gregas empregadas para a doutrina. A primeira é “didaskalia’; e a segunda “didache’; ambas significam tanto o ato como o conteúdo do ensino. A referência de Lucas: “E perseveraram na doutrina dos apóstolos” (At 2.42a). Havia uma constante preocupação dos apóstolos quanto à infiltração de falsos ensinos (1Tm 1.3-4), e que os levou a escrever cartas às igrejas estabelecidas fazendo surgir através delas um sistema doutrinário fundamentado naquilo que Cristo começou a ensinar (At 1.1)

1.2. O Movimento Pentecostal nasceu alicerçado na comunhão. O Movimento Pentecostal nasceu alicerçado na comunhão entre os irmãos, a qual busca manter ainda hoje, seguindo o modelo de culto e ensinamentos que caracterizavam a Igreja Primitiva (Hb 10.24,25). Na história da Igreja Primitiva, vemos fortes traços de uma comunhão verdadeira (At 2.42). Esse padrão nos foi deixado pelos desbravadores do Evangelho como resultado da operação do Espírito Santo, pois Ele opera a inclusão do nascido de novo no Corpo de Cristo (1 Co 12.13), a unidade do Corpo (Ef 4.3-4) e a comunhão (2Co 13.13). Portanto, somos chamados a viver em comunhão com nossos irmãos assim como os primeiros cristãos viviam segundo a mesma fé, o mesmo sentimento e o mesmo amor, isto é, segundo o mesmo propósito (Si 133.1).

Craig S. Keener (2018, p. 91-92) faz um rico comentário sobre a comunhão como um dos frutos do Pentecostes. Atos enfatiza a capacitação do Espírito para o ministério, mas também registra como a ação poderosa do Espírito produziu a transformação moral que afetou os relacionamentos dos primeiros cristãos. “A diversidade cultural dos peregrinos judeus presentes no Pentecostes (At 2.9-11) prefigurou a união da igreja, uma união capaz de transpor divisas culturais, e se tornou parte de uma igreja que representa diversas culturas (At 2.41,42; 4.36; 6.1,5). A comunidade cristã cresceu não apenas numericamente, mas em sua coesão, por meio do compromisso dos cristãos uns com os outros’.

1.3. O Movimento Pentecostal nasceu alicerçado na oração. A Assembleia de Deus surgiu tendo como base os princípios de oração do Movimento Pentecostal, iniciado no capítulo 2 de Atos dos Apóstolos. A Igreja Primitiva nos ensina que a oração é uma das coisas mais importantes na vida da Igreja de Jesus Cristo (Fp 4.6). Dizemos isso por entender que um dos pontos fortes do pentecostalismo primitivo foi a vida pautada na oração (At 2.42). Lucas registra que a Igreja orava pedindo a direção de Deus (At 1.24) e até consagrava pessoas para o serviço mediante oração (At 6.6; 13.1-3; 14.2). Em Atos 20.36, encontramos o Apóstolo Paulo em uma reunião com pastores. Após instruí-los, o Apóstolo Paulo se despede deles orando de joelhos. Ainda temos o exemplo de Pedro e João, subindo juntos ao Templo para orar (At 3.1).

Craig S. Keener (2018, p. 76-77) comenta o impacto do poder do Pentecostes ao criar um novo modo de viver. No parágrafo que trata da urgência por renovação espiritual na Igreja, a partir de Atos 2 e 4, o autor destaca que “as formas de abnegação dos cristãos primitivos podiam por vezes beirar o ascetismo, algo que não recomendo para hoje’: Então, ele ressalta as “disciplinas espirituais tradicionais: os cristãos valorizavam a oração, o aprendizado da Bíblia e o jejum; alguns cristãos do movimento monástico posterior dedicavam a maior parte do tempo a essas disciplinas’: Afinal, viver no Espírito é receber poder também para continuar em oração (Ef 6.18).

EU ENSINEI QUE:

O Movimento Pentecostal nasceu alicerçado nos princípios da Igreja Primitiva: doutrina dos apóstolos, comunhão e oração.

2- As marcas do pentecostalismo clássico

O pentecostalismo clássico tem três marcas distintivas, considerando o registro bíblico em Atos e o início do Movimento Pentecostal no Brasil. Refletir sobre isso possibilita a compreensão adequada dos termos “pentecostal” e “pentecostalismo’; que têm sido usados para descrever movimentos e denominações cujos ensinamentos e práticas estão bem distanciados das raízes teológicas do pentecostalismo clássico.

2.1. Um movimento que não desiste de proclamar as Boas Novas. A primeira marca do Movimento Pentecostal que destacamos aqui é o vigoroso impulso para evangelizar (Mc 16.15,16). Os missionários fundadores das Assembleias de Deus no Brasil, Daniel Berg e Gunnar Vingren, ensinaram sobre a importância de proclamar a Salvação. Eles difundiram esse princípio com grande convicção, fazendo com que as Assembleias de Deus estivessem espalhadas por todas as capitais do Brasil, em um curto espaço de tempo, por meio da proclamação das Boas Novas de Cristo (Mc 1.14,15; At 8.12; 8.35, 10.42,43; Rm 10.14,15; Mc 16.15,16).

Elinaldo Renovato (2023, p. 103): “Ao longo da história das Assembleias de Deus no Brasil, a obra começou pequena, mas foi crescendo a olhos vistos; não apenas em termos numéricos, mas, acima de tudo, “em demonstração do Espírito e de poder” (1 Co 2.4). Este modelo de crescimento assembleiano: cresce porque evangeliza, discípula e cuida das vidas alcançadas pelo evangelho de Cristo. O padrão de crescimento tem sido constante, sempre com base no modelo bíblico ordenado por Jesus (Mc 16.15-16)”.

2.2. A constante busca pelo Espírito Santo. No Dia de Pentecostes, o Espírito Santo foi derramado sobre a Igreja (At 2.2), enchendo e batizando os crentes, tal como anunciou o Senhor (Lc 24.49; At 1.5). A partir daquele momento, em diferentes lugares e circunstâncias, encontramos o testemunho de indivíduos e comunidades que experimentaram o batismo no Espírito Santo com a evidência inicial de falar em línguas. Para o pentecostalismo clássico, o batismo no Espírito Santo e a manifestação dos dons espirituais continuam a ser atuais e relevantes para a Igreja prosseguir no cumprimento da missão. O nascimento das Assembleias de Deus no Brasil, em 1911, aconteceu depois que alguns irmãos, sob o poder do Espírito, começaram a falar em outras línguas e a profetizar, semelhante às experiências narradas em Atos 2.

Eduardo Alves (2021, p. 93): “Para um pentecostal, pode-se dizer que o batismo com o Espírito Santo funciona como uma espécie de experiência de sacramentalismo sobrenatural, pois demanda um sinal externo. A compreensão está relacionada à ideia de o crente ser mergulhado no Espírito Santo por Jesus Cristo para que possa sair dessa experiência revestido de coragem e poder para anúncio público do Evangelho’.

2.3. Um movimento que não desiste de ensinar as Sagradas Escrituras. A vertente teológica do pentecostalismo clássico adota um modelo mais confessional, ou um código doutrinário, vide o Credo da CONAMAD, publicado mensalmente no Jornal O Semeador. Nas primeiras décadas, a Assembleia de Deus era considerada, equivocadamente, um movimento sem fundamentação teológica. Contudo, a Assembleia de Deus crê e ensina que todas as experiências espirituais devem passar pelo crivo da Bíblia, vide a ênfase dada aos cultos de ensino e à Escola Bíblica Dominical desde a sua fundação. Porque estudamos as Escrituras e cremos nelas como sendo a Palavra de Deus para nós hoje é que pregamos e ensinamos sobre o batismo no Espírito Santo e a atualidade dos dons espirituais. Afinal, a Igreja continua a cumprir a missão de evangelizar e a necessitar de contínua edificação.

Elinaldo Renovato (2023, p. 108): “O crente avivado precisa ler e estudar a Bíblia diariamente para entender e absorver os seus conteúdos preciosos em termos de ensino, doutrina, exortação, orientação e advertências e para a sua própria edificação espiritual. Os dias são maus. Há muitos motivos pelos quais o crente fiel precisa ocupar-se com o estudo da Palavra de Deus’.

EU ENSINEI QUE:

As três principais marcas do Movimento Pentecostal são: obediência ao chamado para proclamar as Boas Novas; busca constante pelo Espírito Santo; investimento no ensino das Escrituras.

3- O neopentecostalismo brasileiro

As práticas e os ensinamentos de alguns movimentos e denominações não caracterizam a identidade do pentecostalismo clássico (Assembleia de Deus). Como não há consenso entre os estudiosos sobre a nomenclatura que melhor os descreve, usaremos o termo “neopentecostal” para caracterizar esses movimentos e denominações, enfatizando a diferença entre eles e o Movimento Pentecostal que surgiu no Brasil no início do século XX.

3.1. As inovações do neopentecostalismo. O Movimento Neopentecostal surgiu com algumas inovações que o distinguem dos pentecostais clássicos, inclusive com inovações em seus cultos que nos fazem lembrar do alerta feito pelo Apóstolo Paulo (Cl 2.18). Alguns estudiosos identificam o surgimento dos neopentecostais a partir do final da década de 70, vindo de dissidentes de denominações surgidas a partir da década de 50 e, também, da própria Assembleia de Deus. Entre os neopentecostais, há aqueles que argumentam a necessidade de contextualizar a mensagem para torná-la mais atraente e moderna. Nesse esforço, desprezam a ênfase das Escrituras na chamada de Deus ao arrependimento e à fé cristocêntrica, ensinando uma fé nominal, superficial, utilitária e pragmática (2Tm 4.3,4; 2Pe 2.18,19; 2Tm 3.14-17). Podemos contextualizar, mas sem contaminar nem comprometer a essência da mensagem do Evangelho de Jesus Cristo.

Isael de Araújo (2007, p. 505): “O que justifica essa divisão dentro do pentecostalismo são suas consideráveis distinções de caráter doutrinário e comportamental, suas arrojadas formas de inserção social e seu ethos de afirmação do mundo. Compõem os critérios para a classificação do neopentecostalismo, além do corte histórico-institucional, as diferenças teológicas e, em parte decorrentes dessas, as diferenças comportamentais (abandono do ascetismo intramundano) e sociais (diminuição do sectarismo)’.

3.2. A pluralidade Neopentecostal. A pluralidade na liturgia pentecostal tem sido alvo de constantes estudos. Essa corrente teológica recorre a promessas e discursos mágicos para a resolução de problemas diversos, como os relacionados à vida financeira e à saúde. Muitos desses cultos chamam a atenção pelos excessos cometidos nos púlpitos, os quais tomam o lugar de Cristo na pregação. Na realidade, Cristo não é o mais importante; mas os sinais.

Pastor Lourival Dias Neto (2002, p. 7): “Por ser excessivamente tolerante, o neopentecostalismo se tornou um movimento de inclusão, aceitando no seu seio todo tipo de pensamento e prática. Por ser pluralista, é um movimento que agrega, sem critérios, toda nova visão que aparece, desde que venha acompanhada de uma virtual autoridade ( i Jo 4.1). É um movimento que não valoriza a reflexão bíblica, até porque a Bíblia é um instrumento adaptado aos propósitos de sua teologia, e se nega a sujeitar-se àquilo que realmente ela diz, enfocando apenas o que se quer (1Tm 4.1,2)”.

3.3. As fontes do neopentecostalismo. Muitos ensinamentos e práticas neopentecostais vêm de movimentos surgidos nos EUA, a exemplo dos conduzidos por Essek William Kenyon (1867-1948) e Kenneth Erwin Hagin (1917-2003). Esses pregadores foram a inspiração ideológica de movimentos americanos que, por sua vez, influenciaram os movimentos neopentecostais. Kenyon e Hagin foram os primeiros a difundir os ensinamentos que, mais tarde, ficariam conhecidos no Brasil como “Teologia da Prosperidade”.

Claudionor de Andrade (2013, p. 276): “O neopentecostalismo foi recebido como a esperada alternativa dos evangélicos que, apesar de não se sentirem bem nas denominações históricas, achavam se pouco à vontade no pentecostalismo clássico. Embora não empreste tanta ênfase ao batismo no Espírito Santo e aos dons espirituais, o neopentecostalismo faz questão de dinamizar sua liturgia. Na década de 1990, grande parte de seus pregadores começaram a incluir em suas mensagens elementos da Teologia da Prosperidade, Confissão Positiva e Triunfalismo. Doutrinas estas rechaçadas energicamente pelo pentecostalismo bíblico e ortodoxo.”

EU ENSINEI QUE:

A vertente teológica do pentecostalismo clássico adota um modelo mais confessional, ou um código doutrinário, vide o Credo da CONAMAD.

CONCLUSÃO

Os cristãos devem perseverar no ensino das Escrituras e em se manterem cheios do Espírito Santo, tanto para edificação da Igreja quanto para conservar as características do Movimento Pentecostal do início do século XX: Jesus Cristo salva, cura, batiza no Espírito Santo e brevemente voltará, por isso precisamos cultivar um viver em santificação.

SAIBA TUDO SOBRE A ESCOLA DOMINICAL:

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João Marcos Ferreira é diácono, professor da Escola Bíblica Dominical e cristão há 18 anos, dedicado ao ensino da Palavra de Deus e ao crescimento espiritual de seus alunos. Casado e pai de dois filhos, ele combina sua paixão pelo discipulado com uma vida familiar ativa e amorosa. Com uma escrita acolhedora e prática, João busca inspirar cristãos a viverem para a glória de Deus e formar novos líderes para servir à igreja e à comunidade.